Aprenda a misturar estilos artísticos, fotografia analógica e conceitos surreais para criar imagens de IA que contam uma história complexa.
Se você já brinca com o Midjourney há algum tempo, sabe que gerar uma imagem bonita é fácil. O verdadeiro desafio — e a verdadeira arte — está em gerar a imagem exata que você tem na sua cabeça, especialmente quando essa imagem é uma mistura complexa de estéticas contraditórias.
A “Engenharia de Prompt” (Prompt Engineering) é a linguagem de programação da nova era criativa. Hoje, vamos mergulhar fundo em um prompt de nível avançado. Vamos pegar um pedido aparentemente caótico e destrinchá-lo para entender como o Midjourney interpreta camadas complexas de informação.
O objetivo é criar uma imagem que parece ter saído de um documentário sci-fi vintage e surrealista.
O Prompt Desafio
Aqui está o comando completo que vamos analisar. À primeira vista, parece uma salada de palavras, mas cada vírgula tem um propósito:
/prompt: the most stereotypical an old fashioned biomechanics in a field beside a sheep, in the style of dmitry kustanovich, real life, made from materials of animal origin, cyber village in Russia photo taken with provia, cryptidcore, camille walala, national geographic, highly detailed, professional color grading, soft shadows, no contrast, clean sharp focus, film photography –ar 6:4
Vamos quebrar esse código e entender o que cada seção está instruindo a IA a fazer.
A Desconstrução do Prompt
Para entender como chegar ao resultado final, precisamos dividir o prompt em suas camadas conceituais.
1. O Sujeito Central e a Atmosfera
“the most stereotypical an old fashioned biomechanics in a field beside a sheep…”
O que faz: Define a cena principal. Estamos pedindo um contraste imediato: uma máquina “biomecânica” (algo futurista) mas que seja “estereotipada e antiquada” (retro-futurismo, steampunk rústico).
O elemento de ancoragem: Colocar essa máquina estranha “em um campo ao lado de uma ovelha” aterra a imagem na realidade rural, criando uma justaposição bizarra e interessante.
2. O Choque de Estilos e Materiais (A Grande Tensão)
“…in the style of dmitry kustanovich, real life, made from materials of animal origin, cyber village in Russia…”
Aqui é onde a mágica acontece. Estamos dando ao Midjourney instruções conflitantes que ele precisará resolver criativamente:
Dmitry Kustanovich vs. Real Life: Kustanovich é famoso por pinturas a óleo vibrantes e texturizadas (quase espatuladas). Mas logo depois pedimos “real life” (vida real). O MJ provavelmente interpretará isso não como uma pintura, mas como uma fotografia que possui as texturas ricas e a paleta de cores dramática do pintor.
Materiais de Origem Animal: Isso define a biomecânica. Não queremos metal cromado brilhante. Queremos ossos, couro, pele, madeira. Isso reforça o aspecto “antiquado” e introduz um tom ligeiramente macabro.
Cyber Vila na Rússia: Define o cenário de fundo. Esperamos izbas (casas de madeira russas) tradicionais, mas com elementos cibernéticos improvisados (antenas, fios, painéis solares rústicos).
3. Os “Temperos” Estéticos (Keywords de Nicho)
“…cryptidcore, camille walala, national geographic…”
Estes são os modificadores de sabor que dão personalidade única à imagem:
Cryptidcore: Uma estética focada em criaturas misteriosas (como o Pé Grande ou o Chupa-cabra) e fotos granuladas e inquietantes. Isso garante que a nossa biomecânica pareça uma criatura estranha avistada na natureza.
Camille Walala: Este é o elemento mais surpreendente. Walala é conhecida pelo pop-art geométrico, colorido e vibrante. Num cenário rural russo e sombrio, o MJ provavelmente usará isso para adicionar padrões coloridos inesperados nas casas da vila ou na própria máquina, criando um contraste visual fascinante.
National Geographic: Define o padrão de qualidade. Esperamos uma composição de fotojornalismo profissional, documental e séria.
4. A Direção de Fotografia (Técnica)
“…photo taken with provia, highly detailed, professional color grading, soft shadows, no contrast, clean sharp focus, film photography –ar 6:4”
Esta seção final instrui o “renderizador” do Midjourney sobre como a “câmera” deve se comportar:
Provia & Film Photography: Provia é um filme slide da Fujifilm conhecido por cores vivas mas realistas e grão fino. Isso afasta a imagem do aspecto “CGI digital” e traz uma textura analógica nostálgica.
Soft Shadows & No Contrast: Instrução crucial. Em vez de uma luz dramática de cinema, estamos pedindo uma luz difusa, de um dia nublado (típico da Rússia rural). Isso cria uma imagem “plana” (flat), documental e realista.
Clean Sharp Focus: Apesar da luz suave e do grão do filme, queremos que o sujeito principal esteja perfeitamente focado.
–ar 6:4: Define a proporção da imagem (aspect ratio) para um formato retangular clássico de fotografia de paisagem (similar ao 3:2 das câmeras DSLR).
O Resultado Esperado
Ao rodar este prompt, você não deve esperar uma imagem de ficção científica polida.
Você deve esperar uma fotografia granulada, com cores ricas mas “lavadas” pelo tempo nublado. A cena mostrará um campo enlameado na Rússia. Ao lado de uma ovelha comum, haverá uma construção biomecânica bizarra feita de ossos e correias de couro, que parece um espantalho cibernético antigo. Ao fundo, casas de madeira velhas terão talvez pinturas geométricas coloridas (o toque Walala) e antenas parabólicas improvisadas.
A imagem parecerá uma digitalização de um slide de filme perdido dos anos 90, documentando uma realidade alternativa estranha.
A lição aqui é: não tenha medo de misturar estéticas opostas no Midjourney. A IA brilha justamente na tentativa de reconciliar o irreconciliável. Use termos técnicos de fotografia para controlar a luz e a textura, e “keywords de nicho” (como nomes de artistas ou movimentos estéticos) para dar sabor à sua criação.
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